sexta-feira, 29 de julho de 2011


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ESPERO UMA CHANCE
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Escrevo assim pequeno
porque meu canto é miúdo
porque meu verso é terreno
ainda de pesquisa e estudo.

Escrevo com timidez
com letra redonda e bordada
esperando chegar minha vez
de ser lida e colada
nas pérolas dos pequenos poetas
fazer parte daquela grande seleta.

Amélia de Morais

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PEQUENA PAUSA
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Uma pausa pra reflexão
uns minutos apenas
de mãos dadas com a solidão
companheira de quarentenas
penso, repenso, dispenso
qualquer comentário
quero estar comigo um pouco
trancada no meu armário
cujos ouvidos são moucos
Silêncio de portas, janelas
silêncio de camas, cadeiras
silêncio de muita cautela
silêncio na minha cegueira
Ver meu mundo sem tramelas
correndo solto pelas ladeiras

- Dêem-me apenas uns poucos minutos,
... depois eu saio e lhes escuto.

Amélia de Morais


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Lição

Por que a espada não cruzou
o peito da solidão
e não transformou em pó
o fundamento da desilusão?

Por que um raio não derrubou
o pilar da incompreensão
e não afrouxou o nó
da agonia e desesperação?

Terá sido... quem sabe...
por respeitar a solidão
companheira de última hora
que por vezes me consola o coração?

ou ainda... não sei...
para me dar uma lição
e ensinar que os nós, todos
a gente desfaz com as próprias mãos?

Sigo andando, a caminho da redenção.

Anorkinda e Amélia de Morais

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NÓS

Quero laços
e abraços
amplexos
sem nexos
unir-me aos nós
poque somos vós
para o universo
que nos espia de longe
sorrindo da nossa poesia
me sinto segura
sabendo ser só uma invenção
fantasia

Amélia de Morais

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(Trish-Biddle-Reflections)


DOCE ACOLHIDA
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Mas que me importa
o mundo lá fora
se ao seu lado
tenho a chance de estar

Não fecho portas,
não vou embora,
nem fico calado.
Eu deixo meu corpo cantar.

Minha água, sua saliva,
minha dança forte e viva,
a maçã no chão, esquecida.

Quero a sorte da doce acolhida.

Amélia de Morais

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NEBULOSA
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Caiu o pano de boca
revelou-se um sorriso triste

Acenei apontando a rosa
nascida no fim da tarde

Nos seus olhos - saudade barroca
enrolada nas retinas, resiste

Os seus olhos - dor nebulosa
não vêem a estrela que lá fora arde
e cai.

Amélia de Morais

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terça-feira, 26 de julho de 2011



BASTANTE
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Nos baste o que antecede o pó
Nos baste o verde, o preto, o azul
E o castanho dos olhos todos
Nos baste o cansaço e o suor
De revolver a terra, plantar e colher
E lavar os olhos na água que brota na pedra
Nos baste o sol, a lua
O calor que aquece o norte
O frio que refresca o sul
Que isso nos baste

Amélia de Morais

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PERNAMBUCO

Vim parar na beira do mar
Aqui onde tudo começa
Onde a onda corre e tropeça
E arrebenta em meu coração
Vim parar nesse pedaço de chão
Vim parar na beira do mar

Amélia de Morais