sábado, 23 de julho de 2011


MEUS TONS

Espero, sim, espero pelo sol
Espero eternamente pelo si
Entre sustenido e bemol
Espero eternamente pelo mi

Entre tantas canções, tantas
Escolhi apenas uma, uma apenas
Aquela que presa na garganta
Explode em muitas, centenas

E cada centelha que cai
Se abre em diversos sóis
E a tristeza se esvai
E solto, alto, a minha voz

Eu canto em todos os tons
Meu pensamento é mudo
Vem da alma os meus sons
A música é meu escudo

Amélia de Morais

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ATRÁS DO MEUS OLHOS
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Ando tão triste
olhando no espelho
tentando rever
lá atrás,
atrás de meu reflexo,
atrás dos meus olhos
e pensamentos,
os olhos que um dia
diante de mim
refletiram
o brilho do meu olhar

Amélia de Morais

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A Espera



Incensos, cortinas azuis,
Pétalas sobre o leito,
Velas acesas, é meu jeito,
Iluminam o cenário perfeito

O silêncio da espera,
Desilusão, quimera?
A agonia de não saber
Se você vem, se você fica,
Enquanto, amarga, a sorver
Tragos de espera sem fim...

Intensos meus sonhos, querubim...
fumaças com cheiros de jardim
luzes brilhando, enfim
iluminam o fantasma de mim

Se você vem, sim
se você fica, estopim

Fazemos nosso festim!

Jane Moreira e Amélia de Morais

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AMÉM

É mais uma esperança
Mais um verão que já vem
Penso nas minhas andanças
Nas minhas mudanças também

Viro, reviro, verso, reverso
Na chuva sou toda o inverso
Sou um pouco deserto
Com tanta água por perto

É uma chance a mais
Mais um sol que aquece
Mais um barco no cais
Mais um amém nessa prece

Amélia de Morais

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SEREI CAPAZ?

Estrela, estrela
serei capaz de ouvir tua voz,
saberei entender teu brilho?

Sendo apenas uma vela
saberei iluminar
o caminho que pontilho?

Estrela, estrela,
estarei surda ao amor?
Nada ouço, apenas vejo
teu grande esplendor.

Amélia de Morais

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(Renzez_vous_by_khazer)

[IN]CERTO

A estrada é um conto
Porque se pode voar
Por aí e seguir caminho

O mar também é estrada
Linda e perigosa
Onde habita o infinito

Andar eternamente
Pela terra, sobre pedras
Sob o céu anil ou escuro

É certo, decerto, que chegará
Onde? Não sei, o certo pode mudar
Chegar em algum lugar
Ou a lugar nenhum retornar

Sempre haverá uma pedra
no meio do caminho
Ou não... não?
A estrada é só um ponto de [re]começar

Amélia de Morais

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terça-feira, 19 de julho de 2011


ENCRUZILHADAS
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Caminhos
estradas tantas
Longos
e perigosos
Gasto
horas a fio
Ando
quente ou frio
Idas
parto chorosa
Voltas
rio à toa
Triste
quando me perco
Sento
na encruzilhada
Aceno
bandeira branca
Escolhas
sigo em frente
Erro
volto na sombra
Sento
na encruzilhada
Tomo
outro caminho.

Amélia de Morais

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ME CHAMA

A chama
fugaz
da estrela
me chama
me pisca
me flerta
clama
pelo eterno
escuro da noite
para brilhar
e sedutora
se esconde
onde...onde?

Me chama
estrela
carrega
meu olhar
até a esquina
da clara manhã-menina
estrela, estrela matutina.

Amélia de Morais

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LIBERDADES

Livre
o espaço espalha
embaralha
seu corpo
no mar

Livre
a onda rola
embola
seu corpo
na areia

Livre
o tempo agrupa
ocupa
seu corpo
com o vento

Amélia de Morais

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ALMA FEMININA

Caem flores do céu
como chuva de tempestade
E o mundo é um ramalhete
com grandes laços de amizade

Brotam flores do céu na Terra
como fontes de água cristalina
E o mundo é um só jardim
de alma leve e feminina

Amélia de Morais

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E NA PROSA?

Na prosa
não há verso meu
não verso prosa
Não sei prosear
não aprendi a falar
receosa
prefiro, então, me calar

Amélia de Morais

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RECORDAÇÃO

Cuidadosamente guardada no peito
minha saudade é companheira
na solidão hospedeira.

Ela afaga cada lembrança
cada lampejo de recordação
gerada numa aflição

E como remédio infalível
a saudade que sinto agora
é dor que logo vai embora.

Amélia de Morais

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