quinta-feira, 23 de junho de 2011


SEM POESIA

Despenco
Do meu mundo
De azul profundo
Quando a morte
De mãos dadas com a sorte
Sela nossa sina
Carimba nosso destino.
Desperto
No chão seco, duro
De um cinza, triste e escuro
Ausente de poesia
E sem cor fica meu dia

Amélia de Morais

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PERFUME

Deito sobre flores
E no perfume que exala
Prendo o amor
Entre as mãos
E o brilho que de mim emana
Ilumina a noite escura
Dos seus olhos
E o balanço que de mim escapa
Embala um amor absurdo
Que poreja na sua pele
E aguardo a canção.

Amélia de Morais

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SOPRO DIVINO

Voz que sopra
No meu ouvido
Canções de dormir
E sonhar
Ainda que o sonho
Seja eterno
Hei de entoar
Esses versos
Enquanto vida eu tiver.

Amélia de Morais

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ÁGUAS ROLARAM
.
Um amor
que não reconheço
renego
desprezo
mesmo quando me entrego
pereço
sobre o rancor
que nem sei de onde vem
quem sabe dos dias brancos
de chuva
quem sabe do desdém
que agora desbanco
e me serve como uma luva

Amélia de Morais

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AGUARDO A QUARTA-FEIRA DE CINZAS
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Ando tão distante de mim,
largada da minha pele,
alheia aos olhos meus.
Nem vejo a cor desses dias
que passam dentro de mim,
Nem sinto o vento que sopra
e arrepia o meu corpo,
Nem pinto na minha parede
os versos que me despertam.

Receio que o carnaval ainda demore a chegar!

Amélia de Morais


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