terça-feira, 10 de abril de 2012


DESLUMBRAMENTO

Corri
pra ver o mar.
Oh, meu Deus, o mar,
que belo é o mar
jogando suas mãos sobre as areias,
acariciando-as.
O mar
me arrebata,
jogando suas águas sobre mim,
lavando-me
a alma.
O mar,
corri pra ver o mar.
Desci as montanhas de Minas
e dei com as praias de Pernambuco.

Amélia de Morais

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SONHOS

A gente busca, busca,
crê, crê,
e aí vem a
inutilidade
da busca,
da crença.

A gente se descobre,
se entrega
e aí vem a
mentira
da descoberta,
da entrega.

A gente beija,
abraça,
ama,
acaricia
e aí vem
a desilusão,
a falsidade
de um beijo,
de um abraço,
de todos os carinhos.

E aí, meu amigo,
vem a dor.

Amélia de Morais

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MUITO MENOS

Saio por aí catando pedras
jogando feitiços no mar
Espalhando silabas fáceis de falar
Saio por aí rasgando sedas
lançando confetes no ar
Esparramando palavras fáceis de versar
Saio por  aí colando cacos
contando fábulas do amar
explodindo em verbos fáceis de rimar
Saio por aí vivendo a vida
falando pelos cotovelos
que a vida é muito mais que de desvelos
e muito, muito, muito menos que sonhar.

Amelia de Morais

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QUEM SOU

Sou louca
música que vem de longe,
música que vem de tempos.
Sou torta
filha, mãe, mulher,
amiga, irmã, mendiga.
Sou pedra
dura e fria,
às vezes bela, às vezes bruxa.
Sou dor,
silenciosamente dor,
misteriosamente dor.
Sou luz
branca,
amarela.
Sou riso
sonoro e intenso,
discreto e triste.
Sou eu
pequeno grão...
pequeno grão...

Amélia de Morais

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