sábado, 11 de junho de 2011




A MULHER AMADA

Sou então sua eterna namorada
aquela dos sonhos dourados
aquela dos versos encantados
sou então sua mulher amada

Abro as portas dos sonhos meus
salto dos versos da minha poesia
sou a real visão de uma fantasia
fazendo a alegria dos olhos seus


Amélia de Morais

VERMELHO ALVORECER
.
Vejo flores e borboletas
em você, branca mulher
abro os olhos violetas
sobre um vermelho alvorecer

Vejo poesia no ar
Vejo você respirar
prender o silêncio no peito
sorrir um riso satisfeito

Penso em você do seu jeito.

Amélia de Morais

.

ENTRE SONHOS E DESEJOS
.
Entre sonhos
e bocejos
um medo
e um desejo
morrer
e viver no mar
Acordar bem cedo
ao nascer do sol
ver a água brilhar

Entre desejos
e suspiros
um sonho
e um delírio
voar
e cair do ar
Ver o mundo do alto
do tamanho dos olhos
e o vento a me soprar

Amélia de Morais

.

ATÉ SEGUNDA!
.
Até segunda, meu caro!
O sábado foi perfeito,
domingo dormirei mais um pouco.

Não bata à porta, portanto,
não chame ao telefone.
Domingo é dia santo.
Santo descanso de tudo.

Até segunda, meu caro.
Cuidado ao dobrar a esquina,
a vida dorme ao volante.

Amélia de Morais

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DIREITO À LUZ

No escuro,
Reconheço o caminho
Da volta,
Da estrada
Que me leva de volta
Pra mim mesma,
Que me traz o sorriso de volta
E que volta e meia,
Me revela o segredo
Que eu mesma
Transformei em felicidade.
O sagrado direito de ter a luz.

Amélia de Morais

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POEIRA
.
Pó na ladeira
espalhando o vermelho
levando a terra pra longe
manchando todo o espelho
sujando a roupa do monge
Pó - Poeira
trazida na sola do pé
marcando passos na estrada
revelando segredo ao pajé
velando os olhos da amada

Amélia de Morais

.

BELEZA
.
Linda
a lua
Linda
a noite
Linda
a menina na janela
Linda
a flor amarela
que brota
dos olhos dela
linda, linda, linda tela!

Amélia de Morais

.

ESQUECIMENTO E LEMBRANÇAS
.
Andei revendo fotos
relendo textos
lançando livros
tentando permanecer
depois que partir
Andei esquecendo de mim
pra ser lembrada

Amélia de Morais

.

quarta-feira, 8 de junho de 2011


ENCONTRO MARCADO

Eram quatro horas da tarde
O sol descia a ladeira do céu
No silêncio, ansiosa e sem alarde
À sombra, sem escarcéu
Esperava a alegria virar a esquina

A saudade na retina
Respondia ao coração
Que batia desvairado
Os olhos corriam o chão
Aguardando o passo esperado

No segundo seguinte
Num piscar de olhos, breve
Exatamente às quatro e vinte
Um sentimento que não prescreve
Tomou conta do meu sorriso
Diante de mim, brilhantes, os olhos do paraíso.

Amélia de Morais

.

SETA
.
Aquela aponta pro norte.
sorte de quem vive por lá,
cá, no frio que faz,
jaz a esperança de sol,
rol de medos é tudo que resta,
festa escura e sem brilho.
Trilho o caminho da espera.

Amélia de Morais

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ENCRUZILHADA

Seguimos juntos até a encruzilhada
Ali rompemos os laços
Estreitos laços
Finos laços
Frágeis laços

Ainda sinto seus olhos nos meus
Sigo encantado e distante

Sentes, eu sei, meus olhos tristes
Sobre os teus, que fugiram pra nunca mais

Amélia de Morais

.

RESPOSTAS PRONTAS
.
Tá tudo na ponta língua
as idéias soltas, à míngua
bordadas no som da voz

Respondo aos gritos
se criam algum atrito
não guardo dinheiro no cós

Respondo aos prantos
se falam com algum encanto
esqueço de mim, sou nós

Respondo com gestos
olhares, sorrisos honestos
sou alma boa na foz

Respondo com meu silêncio
no ar, o verbo pênsil
se a dor é fria e feroz

Amélia de Morais

.

NO TEJO

Peço um beijo
Almejo
Vem bocejo
Pejo
Some o desejo
Gotejo
Toco o realejo
Revejo
Observo e invejo
Afogo no Tejo

Amélia de Morais

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O CANTO DO VENTO
.
O vento canta
canta um verso pra menina
e em pranto a triste sina
de não ter a bailarina

O vento canta
canta afinado a sua sorte
de não ser sopro de morte
de viver entre o sul e o norte

O vento canta
no campo, na campina
canta ao virar a esquina
canta, entoa e afina
o canto que nos fascina.

Amélia de Morais

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domingo, 5 de junho de 2011



AS DUAS METADES

Não seja o medo
meu maior segredo
degredo

Não seja a morte
silêncio que me conforte
destino, azar ou sorte

Porque em mim
habita um verbo que enfim
cala e grita em silêncio ou motim


Amélia de Morais


TANTO AMOR

Amo-te tanto e tanto,
que é dor o que sinto no peito.
E quando a dor que causas é tamanha
me acomete sorrisos suspeitos.
É quando o amor que me acompanha,
me acalma de um suave jeito
e me canta uma canção de acalanto.
Durmo. E teu amor é meu manto.

Amélia de Morais


EU E OS PÁSSAROS

Olho pro céu
na calma do dia
Finda a tarde
chega a poesia
No vôo dos pássaros
que me invadem
sou pássaro preso, enraizado
sonhando o vôo, verso calado

Amélia de Morais


SONO ETERNO

Entre o azul do céu, brilhante
e otransparente rio que corre

Entre as flores silvestres, elegantes
e o sol que longe morre

Dorme o soldado, rapaz galante
E do seu sono, sonho não mais escorre


Amélia de Morais


AS LUTAS QUE NÃO LUTEI

Sou paz
por essência
sou paz
Escrevo
com tinta invisível
o triste sangue da guerra

Entrego-me
no entanto
de corpo e alma, completa
às causas
das injustiças
que com meu silêncio causei


Amélia de Morais



FANTASMAS DO PASSADO

Roubaram meu presente
não vislumbro meu futuro
meu passado está ausente
são fantasmas no escuro
Taeio, em vão, as paredes
busco escutar outras vozes
ando tanto, caio em redes
bebo as dores em doses
Clamo, chamo pela vida
vida, vida, louca...louca
às vezes nos dá ouvidos
às vezes, se faz de mouca
Sinto o hálito do passado
distante, ausente, mudo
soprando destino, fado
jogando com a sorte de tudo

São fantasmas brincando. Ludo.


Amélia de Morais



NEM SEMPRE

Às vezes, caracol
às vezes, vitória-régia
às vezes, dia de sol
às vezes, sò estratégia
Às vezes, canção
às vezes, verso perdido
às vezes, coração
às vezes, desejo atendido
Às vezes, riso
às vezes, melancolia
às vezes, improviso
às vezes, apologia
Às vezes, sonho
às vezes, vida
às vezes, susto medonho
às vezes, sambar na avenida
Às vezes, silêncio profundo
às vezes, apogeu
às vezes, todo o mundo
às vezes, o mundo só meu

Amélia de Morais



O VENTO

Sopra no ouvido
palavras, as mais gentis
palavras, as mais suaves
em versos que não duvido
sáo carinhos primaveris
canções que portas nos abrem
O vento, fiel amigo
o vento, consolo certo
o vento me sopra e eu sigo
feliz, prudente e liberto

Amélia de Morais

Borboleta em flor