sábado, 6 de agosto de 2011


MEU MUNDO

Mundo meu, tão meu
Quero tanto e tudo
Beber todo e cada gole solenemente
Calando por um instante
Essa sede infinita
Sou assim, inundada de almas
Inquietas, todas
Intensas, todas
Imensamente deslocada
Saudosa do que serei.

Amélia de Morais

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SECRETOS OLHARES

Durmo sobre o arco-íris
Sonho cores cobertores
Vejo fadas, asas, flores...

Tímidos versos calados
sobre meus olhos namorados
lançam secretos olhares...

que sobre seus olhos repousam.


Amélia de Morais

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EGO
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Um dia todo retorcido
fingido
de uma alegria
que não tem

sem conquistas
sem espaço
como num barco
afundado

um dia nada excitante
sem a beleza do sol
sem a saudade da chuva
sem a medalha no peito

Meu ego
meio sem jeito.

Amélia de Morais

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AMOR, BOBO AMAR

O amor embobece
amolece,
às vezes, entristece.
É ridículo amar.

O amor se agiganta
encanta,
às vezes, desencanta
então... hora de chorar

O amor enobrece
o nariz empina,
alucina
e se vê vaca voar, no ar!

É tão bobo o amor!
É tão bom, tão bom se amar!

Amélia de Morais

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E DEU BODE
.
Deu bode
e joguei borboleta
quebrei a cara
em vez de quebrar a banca

O jogo tá caro
e o bicho, difícil
não se come mais carne
e ainda se deve no mercado

Deu bode.
Fiquei sem comida
e sem dinheiro
até pro joguinho de amanhã.

Amélia de Morais

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LONGA ESTRADA

Um carinho
me vale uma longa caminhada

Um gole de vinho
meus medos pela estrada

Eu sigo sozinho
em busca de uma pousada

Um colo, meu ninho
os braços, minha morada.

Amélia de Morais

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BONECA DO MARACATU

Boneca de cera
de cera e madeira
Calunga de maracatu

Chega dançando
nos braços da dama
e suas bênçãos derrama

Segue a Calunga
desfile adiante
olhando de cima o cortejo dançante

À frente, soberano
o mais antigo reinado
do carnaval pernambucano

Amélia de Morais

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MOINHOS
.
Eu vi
a roda girando
gerando energia
roubando água
jorrando alegria
Eu li
moinhos de vida
gigantes quixotes
virando monstros
gerando sabedoria

Amélia de Morais

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quarta-feira, 3 de agosto de 2011


CORPO DE DANÇA

Meu mundo
de cores e giros
Universo
De saltos e brilhos
É o corpo das minhas
Escolhas
Cabeça dos meus prazeres
Eu danço com alma inteira

Amélia de Morais

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INSENSÍVEL CORAÇÃO

Insensível coração
corta meu peito
arde em meu corpo
deixa-me um tanto sem jeito

Insensível coração
descontrolada batucada
soando tão alto
deixa-me nervosa e suada

Insensível coração
sem medo de mais uma dor
explode nos olhos
os sonhos de um novo amor

Amélia de Morais

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MARIONETES DO TEMPO
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E o tempo toma nas mãos
as horas, suas marionetes
lhes dá andamento tão lento
em solo de clarinete.

E revoltados, os minutos
se apressam em passos largos
moderados, bem pensados
espanta pra longe o enfado

Sem sequer pedir licença,
voam no tempo, ligeiros
que mesmos sem ser os primeiros
os segundos tocam um frevo.

E o tempo, a sorrir
daquele prazeroso motim
desperta o sol nas manhãs
e a lua, quando a tarde chega ao fim.

Amélia de Morais

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O VENTO SOPROU...
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O tempo trouxe essa voz
doce e rouca
no vento que sopra pra nós
em vezes raras, poucas

Soprou um cheiro jasmim
que trago guardado em mim

Soprou um canto suave
guardado a sete chaves

Soprou um cálido gesto
que me sobrou de resto

Soprou um suspiro profundo
Colhido em instante de segundo

Soprou finalmente seu nome
que na memória surge e some
...surge e some...surge e some...

Amélia de Morais

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QUE FAÇO AQUI?

Que faço eu aqui,
sentada ao léu,
escrevendo no papel
sem uma luz que me responda?

Quem me vai responder
e me tirar da escuridão?
Acender-me a vela
ou dar-me uma explicação?

A quem devo perguntar?
às arvores que ali me olham,
aos pássaros que aqui me ouvem,
ao vento a me arrepiar?

De onde veio tudo,
que brota mudo?
Serei uma louca
de fé tão pouca?

Amélia de Morais

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domingo, 31 de julho de 2011

(Erica Chappuis)

SEM MÁGOAS

Sinto suas mãos macias
sobre mim, ai de mim
Derramando carícias sem fim
desaguando seus ardores, clamores
E eu esqueço a realidade
aqueço a saudade

Vem, me faça feliz!
Sou oceano sem mágoas
Derrama sobre mim sua águas
arranca de mim a poesia que não fiz
e que tudo, tudo diz


Amélia de Morais
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SILÊNCIO EM MOVIMENTO

Silencie o verbo
Adormeça a voz
no momento soberbo
quando o falar é algoz
A natureza em movimento
guarda o silêncio no ar
se quer falar, sopra o vento
traz tempestade se quer gritar

Amélia de Morais

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AM[ASSANDO] PALAVRAS

Amassando palavras
criei verbos, formei frases
Assei-as nas brasas da memória
Comi-as. Falei poesias.

Amélia de Morais

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