quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


BORBOLETAS

Todos os dias há borboletas
Sobre as folhas, sobres as flores
Silenciosas transformações completas
A vida se insinuando nos arredores
Aos pouco e profundamente
Até que saia voando, saliente.

É a vida saindo da casca dura
Buscando luz fora da clausura.


Amélia de Morais

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À FLOR DA ALMA
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Sou um arrepio
emoção e lágrima
Sou um pouco de frio
um pouco de rima

Vinho na taça
sou um pouco calor
Namoro na praça
sou morrer de amor

Sou Sempre-Viva
um tanto flor e ardência
Sou Locomotiva
fumaça e paciência

Seguir em frente
sou cigana e vontade
Luar crescente
sou beleza e saudade

Amélia de Morais

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POETAS
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Seguem coloridos
os carregadores de luz,
levam o arco-íris no peito
e as estrelas nas mãos.
Seus sobrenomes, Poesia.

Amélia de Morais

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CHUVA DE AMOR
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Sonho tudo, sempre sonho
mirabolantes sonhos bons
risíveis sonhos medonhos
de todas as cores e tons
São sonhos sonoros, às vezes
ás vezes, sonhos sem som
sonhos que duram meses
sonhos de papel crepom
amassam, mas não perdem a cor
sonhos que apenas a chuva
forte e duradoura, de amor
interrompe e se veste como uma luva.

Amélia de Morais

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(imagem do blog: http://osquatrocara.blogspot.com/2010/09/3-1-mulheres-da-vida.html
desenho do Jão)


A TAL VIDA FÁCIL

Amor barato
Pelas esquinas
Mal vestido, sem sapato

Amor suado
Pelos becos escuros
Mal feito e mal amado

Amor vendido
Pelas janelas
Gritado e cuspido

Difícil vida fácil do amor
Num abrir e fechar de pernas
O tempo é dele o senhor

Amor estampado em jornais
Nos jovens corpos dourados
Descritos em letras garrafais

Amor vendido
Pelos hotéis
Perfumado e protegido

Fácil vida difícil do amor
Num abrir e fechar de contas
Dorme... sem cobertor


Amélia de Morais


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