terça-feira, 25 de outubro de 2011


VENTO QUE PASSA E FICA
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Sou eu, simplesmente
Sonhadora, silenciosamente
Sem olhos que me vejam
Cem bocas que me beijam
E eu permaneço
Não feneço
Enquanto ouvidos atentos
Sorrirem, chorarem
Sobre os versos que invento
Minha palavra é vento.

Amélia de Morais

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CORAÇÃO


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Meu coração, fértil terra
procria, recria, inventa,
às vezes, silencia, às vezes, berra,
morre, renasce e de novo tenta
se mostra, se entrega
descansa e recomeça
às vezes, concorda, às vezes, nega
chora , mas não confessa
gargalha e não faz segredo
que da solidão, sente medo.


Amélia de Morais

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ALIANÇA
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Espia o silêncio do eterno sono,
Espia, mas não incomode seu sonhar.
Repare no seu abandono,
Repare seu imóvel “se entregar”.
Já canta sua liberdade de aliança,
Deitado sobre o leito da confiança.

Ali, sinhozinho nenhum lhe alcança.


Amélia de Morais

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ENTRELINHAS

Meu cantar é de silêncio
aqueço a voz da alma
e deito as palavras sobre o papel

Amélia de Morais

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(valsa di enzo de giorgi)

SONHO VELOZ
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Somos nós e nossos olhos
Somos sós entre ferrolhos
Somos os nós daquela linha
Somos o cós da entrelinha
Será que sou o algoz?
a fera ferida e feroz?
Ouçam a minha voz!
Somos pré, prontos, pós
nunca, nunca, nunca sós...
Somos um sonho que passa veloz.

Amélia de Morais

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