sábado, 18 de junho de 2011


MORADA
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Em mim habita o bem.
Nos meus olhos,
nas minhas mãos,
na minha voz,
no meu ventre.
Em mim habita o amor.
Na minha pele,
na minha boca,
no meu corpo,
nos meus dedos.
Em mim habita a paz.
Nos meus gestos,
no meu andar,
no meu cheiro,
no meu gosto.
Em mim habita o verbo.
E o verbo se faz luz
que guia os meus caminhos.

Amélia de Morais

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VENTO AMIGO
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Corria solto o vento nas pradarias
com ele, meus pensamentos
restos de canções - algumas notas -
esquecidas nas horas do dia-a-dia.

Quem selou meu destino
às patas do pégaso louco,
que corre como quem voa,
que voa como quem foge?

E o vento, amigo, sopra pra mim:
- É sonho, menina, tudo que sentes,
em breve despertarás
e a música que ouves, chega ao fim.

Amélia de Morais

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(Colors_of_Lesser_Emotions_by_nidhi_rathish)

Dia sem sol
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Estranhas nuvens
acinzentaram meu horizonte
ainda agora tão azul

Meu sorriso tão aberto
agora já não é mais ponte
que leva à felicidade

os braços estão fechados
a água secou na fonte.

Amélia de Morais

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VENTANIA

No vento
a nota da canção
No ar
inesquecível sinfonia
que nasce
nas conchas do mar
e morre em silêncio
nos meus ouvidos

Amélia de Morais

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MEDO DE VIVER
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Falso medo
o de viver
como se fosse arremedo
de sonhar sem se perder

Medo falso
de caminhar na vida
como se andar descalço
fosse a única saída
para pés já tão cansados
de subidas e descidas

Amélia de Morais

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quinta-feira, 16 de junho de 2011


SE

Fosse eu rei ou sultão
Quem sabe o dono do mundo
Dormiria entre seus sonhos
Só pra deixar-lhe uma estrela brilhante

Sendo eu apenas uma paixão
Deito-me entre seus braços
E acordo estonteante
Na beleza do seu sorriso encantador

Amélia de Morais

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TEUS PASSOS

Escuto estrelas que cantam
Sentada às nuvens que passam
Mas os teus passos que fogem
Não ouço o rumo que tomam

Amélia de Morais

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E SE ...
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se das pedras
brotasse a água
se da lágrima
brotasse a esperança
E se do vento
brotasse a alegria
se do gesto
brotasse o perdão
E se das trevas
brotasse a flor
se do riso
brotasse a força
E se o sonho nunca findasse
se a fonte nunca secasse
se a poesia fosse a verdade?

Amélia de Morais
(andrey_aranyshev)

VIAGEM ll
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Choro
sobre teu ventre
Choro
a falta de seus carinhos
Partes
mas, deixas teus olhos
em mim
e eu
vejo o mundo por ti.

Amélia de Morais


AS FLORES DA JUVENTUDE

As flores eram vermelhas
Pequenas e doces centelhas
Colorindo e iluminando
A primavera da vida

O vento soprava forte
Ora pro sul, ora pro norte
As doces flores dançando
Ao tempo oferecidas

As pétalas aveludadas
Roubavam o carinho das fadas
Dos homens roubavam desejos
À morte dedicavam bocejos


Amélia de Morais

ESPELHO QUEBRADO
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Espelho quebrado
no chão
acende em mim
um desejo
de pegar o sol com a mão
bocejo
adormece em mim
a razão
última centelha na escuridão.

Amélia de Morais

terça-feira, 14 de junho de 2011



POR ONDE ANDA O CARNAVAL?

O espírito da brincadeira
pairava sobre as cabeças
o ar da graça, a moça faceira
os blocos cantando, as troças travessas

o carnaval era fantasia
um dançar incessante
uma inocente anarquia
a alegria óbvia e ululante

Por onde andam as serpentinas?
onde, onde o frevo na rua?
Perderam-se pelas esquinas
da violência nua e crua


Amélia de Morais

segunda-feira, 13 de junho de 2011



ALMA NUA

Dança sobre mim mesma e a lembrança
sobre meus próprios pés
sobre meu próprio corpo de dança
num pé, no outro e no contrapé

Mergulho profundo e sem volta
entre uma onda e outra e outra mais
E a alma nua se solta
dança livre sobre o cais


Amélia de Morais


TUDO RECOMEÇA

É o vento que passa
arrastando os lençóis
leva o braço que abraça
leva o canto dos rouxinóis

Breve instante - palavra calada
a pausa que tudo diz
o beijo roubado da amada
o vento risca em cicatriz

Leva o silêncio e o beijo
deixa a palavra no verso
a saudade esconde o desejo
na poesia o sonho disperso

E amanhã, antes que os sinos dobrem
o vento que ontem levou
traz de longe lençóis que cobrem
e braços macios de um novo amor


Amélia de Morais