domingo, 27 de novembro de 2011


ANJO AZUL

Uma luz forte,
muito forte,
desceu e sentou.
Sorriu,
olhou
e me viu.
Um anjo.
Um anjo azul de olhos azuis.
Bonito como o azul.
E o anjo tinha sexo.
Sexo azul.
Quando perguntei o porquê
das coisas,
ele me sorriu,
e não respondeu.
Me olhou
e eu soube:
O anjo não sabia o meu falar.
O anjo falava azul,
pensava azul.
O curioso anjinho de sexo azul
era tão bonitinho!
e não sabia,
como eu,
sorrir amarelo.

Amélia de Morais

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O que (não) sei

O que sei de pele
é o absolutamente nada,
é o impossível anseio,
é o calor
de morrer afogada.
O que sei do amor
é uma incrível vontade
(de conhecê-lo),
é uma incontrolável fogueira
a arder
e incendiar
e queimar
e doer.
Uma rouquidão na alma,
um salto
no absolutamente desconhecido.


Amélia de Morais

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A HISTÓRIA DA VOZ QUE DORMIU

No mágico instante,
eu corri e fiquei,
tive medo e coragem,
tive dor e prazer.
No mágico instante
eu chorei e sorri,
tive ímpeto e timidez,
decolei e aterrissei.
No instante mágico
quando calar é mentir,
eu menti. Mas amei.
E corei.
Mas calei.

Amélia de Morais

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MÃOS DE VELUDO

Dê-nos um sorriso
brilhante,
segue em frente
com firmeza
e humildade.
Vê que há nas pedras
dureza e brilho.

Amélia de Morais

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CANTIGA DE AMOR

Cante pra mim
os doces versos
de amor.
Conte pra mim
seus loucos sonhos
de amor.
Ouça
meu canto,
meu conto.
Me encante
com o verdadeiro
sentido do amor.

Amélia de Morais

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