domingo, 21 de agosto de 2011


(COMONIAN - Artista Plástico)

ROÇA

Saudades de acordar cedinho
ao cantar do galo no quintal
na mesa um café quentinho
longe das más notícias do jornal

Saudades do cheiro de terra molhada
o verde se estendendo até o horizonte
a poeira de carro na estrada
a pescaria, o rio, a ponte...

Saudades do som do carro de boi
do velho cavalo - pangaré
que um dia, cansado, se foi...
num canto, esquecido, o cabriolé

Saudades das noites estreladas
o violão ponteando a alegria
das cantigas em uníssono cantadas
em saudades que ninguém ainda sentia

Saudades da voz grave do avô
dizendo: - Deus te abençoe!
e da avó, com a suavidade do amor
dizendo: - Deus te perdoe!

Saudades, saudades, agora...
daqueles tempos mansos
em que o sol nos dava as horas
e a lua nos dava o descanso.

Amélia de Morais

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